Aruk era um cão ótimo. Adestrado, obediente, submisso, corajoso e confiante. Estava com 8 meses e 20 dias, tinha 61cm de cernelha e 32Kg. Eu realmente o amava.
De verdade, ele era o meu melhor amigo. Aquele com quem eu brigava e 5 minutos depois ele estava me lambendo abanando o rabo. Aquele que me lambia todo e depois tomava banho de mangueira comigo. Aquele que latia ou até ia pra cima de alguém que chegasse perto de mim, como quem diz: “Ele é meu”. Aquele que fazia a maior festa quando me via depois de apenas 2 horas sem me ver. Aquele que não me julgava quando eu fazia merda. Aquele que com certeza daria sua vida por mim. Qual humano seria tão amigo assim?
Quando adquiri meu cão, eu era leigo, totalmente leigo, sobre rottweilers. Sabia apenas que era uma raça. E terminei adquirindo um. Um que os pais não tinham nada, até porque eu nem sabia que existia displasia, teste de índole, pedigree, e muito menos “cachorreiros”. Assim que adquiri comecei a estudar a raça (coisa que deveria ter feito antes de adquirir). E acabei descobrindo coisas que não queria. Como o fato de que existem sim cachorreiros, e pior que isso, foi de um deles que eu adquiri meu cão.
Resultado: Aruk se foi, terça-feira, 28 de dezembro de 2010, às 15h55min.
Alguns meses antes ele começou mancar muito, às vezes chorava de dor, e tinha vários sinais de displasia. Dava pra ver nitidamente. Depois de pesquisar, ver as possibilidades de cirurgias, e tudo mais, nós descobrimos que aqui por perto não tinha como fazer.
O veterinário falou que o caso dele era um caso extremo, assim como alguns criadores com quem conversei disseram: “Fiquei horrorizado. Nunca vi algo assim”.
Também não tínhamos como dar dois mil reais na época para arcar com transporte, cirurgia, e tudo mais, pra mandá-lo para outro estado pra fazer isso.
Nunca vou esquecer o olhar puro e inocente dele indo até a clínica dentro do carro, me lambendo, sem saber o que estava por vir. Nunca vou esquecer o olhar dele quando ele adormeceu com o sedativo e o olho foi fechando aos poucos, enquanto a respiração ficava mais lenta. Nunca vou esquecer o ultimo abraço, a última lambida, o último latido. Nunca vou esquecer a cena dele morto dentro de um saco, sendo enterrado e as crianças chorando e colocando flores em cima. Ele pagou com a própria vida a ganância do homem, um ser racional (?) que não mede esforços pra ganhar dinheiro à custa de seres indefesos.
Quero alertar e conscientizar quem ler isso aqui, de que esse é um assunto muito delicado e que por isso deve ser levado em consideração. Não é conversa fiada quando os criadores sérios dizem que não vale a pena comprar um Rottweiler por 200, 300, 500 reais.
Não vale mesmo. E eu sou prova viva disso. Pode ser o melhor cão do mundo. Como era o Aruk. Mas mesmo assim, sendo o melhor cão do mundo, ou acaba como o meu, ou não fica como você esperava, ou termina você tendo que gastar um dinheirão com ele. Como quase ninguém faz isso, preferem abandonar os cães, e esse é o motivo de termos os CCZ’s lotados hoje em dia.
Eu sei hoje o esforço que os criadores têm e o quanto se gasta para manter bons Rottweilers com tudo o que é necessário para que as pessoas não passem pelo que passei.
É isso gente. Até hoje dói. E muito. E não sei quando vai passar; ou melhor, não sei se vai passar.
E a você, Aruk, muito obrigado pelos 7 meses de alegria que você me proporcionou enquanto esteve comigo. Os meses que passei ao seu lado foram os melhores meses da minha vida. Onde aprendi o valor de uma verdadeira amizade. De coração. Eu te amo.
Última foto dele, aos 8 meses:
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